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Saúde

Pesquisa inédita comprova a contaminação de peixes e moluscos no delta do Parnaíba.

Conduzida pelo Labomar da UFC e divulgada em um periódico científico internacional, a análise expõe uma complexa rede de poluição química associada à má gestão de resíduos sólidos e líquidos.

Publicada em 26/09/24 às 11:04h - 35 visualizações

Rede Mult de Comunicação/André Patchello


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Pesquisa inédita comprova a contaminação de peixes e moluscos no delta do Parnaíba.
 (Foto: Marieta Rios/Rede Mult de Comunicação)










Um estudo realizado pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), publicado na edição de agosto do *Journal of Environmental Management*, traz um novo alerta sobre a contaminação por agrotóxicos nas águas, peixes e mariscos do Delta do Parnaíba. Coordenado pelo professor Rivelino Cavalcante, o estudo, inédito em uma região costeira da América do Sul, confirma a existência de uma "complexa rede de poluição química" na área do delta, associada à gestão inadequada de resíduos sólidos e líquidos.


A Área de Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba inclui 10 municípios: Chaval e Barroquinha, no Ceará; Tutóia, Paulino Neves, Araioses e Água Doce do Maranhão, no Maranhão; e Ilha Grande, Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia, no Piauí.


"O Brasil enfrenta um sério problema no gerenciamento de seus resíduos sólidos e líquidos", afirmou o professor Rivelino em entrevista. "Quando medicamentos e outros produtos não são descartados corretamente, acabam sendo absorvidos pelos organismos do meio ambiente", explicou. O estudo, publicado em uma das principais revistas científicas especializadas em gestão ambiental, destaca a presença de níveis elevados de pesticidas em peixes e moluscos, pesticidas esses comumente utilizados para o controle de pragas agrícolas.


A contaminação representa um risco significativo para a saúde humana. De acordo com o estudo, a saúde ambiental e humana estão interligadas nos ecossistemas costeiros, demandando monitoramento contínuo e estratégias de gestão adaptativas para proteger o meio ambiente e as comunidades que dependem dele. 


"Esses contaminantes são biocumulativos, o que significa que se acumulam nos organismos sem serem metabolizados. Isso é perigoso para organismos não alvos, como os seres humanos, e há evidências de que a exposição prolongada a esses produtos pode causar danos neurológicos e cognitivos graves", afirmou o professor Rivelino.


Além de destacar a necessidade urgente de um melhor gerenciamento de resíduos, o estudo do Labomar é fundamental para futuras pesquisas, servindo como ponto de partida para análises posteriores. Um dos estudos em andamento envolve a análise dos caranguejos da região do Delta do Parnaíba até o Rio Grande do Norte, com o objetivo de entender como essas espécies estão sendo afetadas pelas atividades humanas.


No início do ano, o Labomar já havia comprovado contaminações semelhantes nos rios Ceará e Cocó, em Fortaleza, associadas ao uso de agrotóxicos para o controle de pragas urbanas, como o mosquito *Aedes aegypti*, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. As amostras coletadas nesses rios revelaram níveis de poluição comparáveis ou até superiores aos encontrados em áreas agrícolas.




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